domingo, 25 de fevereiro de 2007

Os prós e contras da rotulação das Necessidades Especiais

Os prós e contras da rotulação das Necessidades Especiais.

Fabiana M.

Ao percebemos alguém diferente, o fazemos tecendo comparação entre padrões de comportamento e geralmente reconhecendo, “instituindo”, como diferente aquele que se desvia do mais freqüente e/ou o julgado socialmente mais adequado. Portanto, a apreensão cotidiana do diferente nunca é desprovida de significado ou valor, seja positivo ou negativo.

Nesta perspectiva, o diferente seria aquele que não se encaixa em padrões gerais, pois sua forma de falar, de andar, pensar, desvia-se das normais. Ele “possui algo” ou “algo lhe falta”, e em conseqüência ele é diferente dos outros. Esse “ algo” transforma- se em palavras que irá designar a pessoa, ou seja, um rótulo. Nessa rotulação a pessoa perde sua identidade individual enquanto percebida pelos outros e é inserida num grupo que é marginal com referências aos padrões valorizados : torna-se estigmatizada. A rotulação resultante não é apenas a caracterização das pessoas rotuladas, mas também e deteriorização de sua identidade pessoal e social.

O termo estigma será sempre usado em referência a um atributo profundamente depreciativo. De acordo com Goffman (1998:13), “ um estigma é na realidade um tipo especial entre atributo e estereótipo...”, mas sabemos que um atributo que estigmatiza alguém pode confirmar a normalidade de outrem. Portanto ele não é em si mesmo, nem honroso, nem desonroso. O estigmatizado e o normal são partes um do outro.

a) Os prós da rotulação de pessoas portadoras de necessidades especiais.

- A rotulação pode se tornar uma boa oportunidade de auto- conhecimento.
No sentido em que o indivíduo possa tentar dedicar esforços individuais ao domínio de áreas de atividades consideradas inadequadas, devido as sua limitações;

-A rotulação permite que o indivíduo receba informações corretas, podendo assim receber os cuidados necessários e se estabelecer de forma mais construtiva e confiante;

-O indivíduo estabelece uma certa técnica para lidar com estranhos, de forma a diminuir a distância e o tratamento cauteloso, podendo romper o preconceito;

-Se o indivíduo for bem sucedido política e/ou financeiramente, passa a representar uma categoria, mas também não deixa de ser visto pela rotulação;

-O indivíduo rotulado pode usar o rótulo para ganhos secundários (desculpa pelo fracasso). Então sua desvantagem passa a ser usada para proteção;

-O estigmatizado pode ver seu "algo mais" ou "algo que falta" como benção secreta ou divina.
Pode optar por transformá-las em ensinamentos de vida.


b) Os contras da rotulação de pessoas portadoras de nessecidades especiais.

- Desconhece o estigmatizado o que as pessoas realmente pensam dele, em que categoria está enquadrado, causando grande insegurança nas relações e interações com os ditos normais;

- O indivíduo poderá se tornar muito agressivo ou muito tímido, estando pronto a ler estados não intencionais nas ações do outro;

-As pessoas, ditas normais, fazem vários tipos de discriminação através das quais reduzem as chances de vida, "impedindo uma vida normal, em comum", ao culpabilizar o indivíduo pelo seu estigma;

-O indivíduo passa a utilizar de técnicas para encobrir seu estigma, mas este poderá ser descoberto por algúem que esteja familiarizado, expondo seu detentor que se sentirá traído pela sua própria fraqueza;

-O sujeito passa a se cobrar muito, baseando- se naquilo que esperam dele;

-O sujeito passa a evitar contato com os "normais", esquematizando sua vida, de forma a evitá-los, tornando -se desconfiado, diminuído, inferiorizado, o que leva a concordar que está abaixo do que deveria ser. Principalmente quando é "o bode expiatório".



Para entender tal postagem é precisso saber que:

"(...) O Conceito de necessidades especiais é muito abrangente e não pode ser limitado a uma análise linear, centrada nas exigências do sujeito, apenas. Depreende -se, outroassim, que a identificação de necessidades especiais de pessoas ou de grupos impõe um recorte biológico, psicológico e social, não só para identificar a natureza das necessidades, bem como para estabelecer as condições de sua satisfação." ( Rosita Edler Carvalho)

Durante todas minhas postagem irei citar muito os trabalhos de Edler, que desde 1956 luta pela Educação Especial de nosso país.

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